Maria do Socorro Brito de Araújo morreu aos 36 anos de covid-19, no RJ, sem ao menos pegar seus bebês no colo. As crianças estão sendo cuidadas temporariamente pela irmã mais velha, que tem 17 anos. O pai dos bebês, que é pedreiro, pede ajuda financeira para conseguir criar os filhos. "Não queria estar aqui pedindo ajuda, mas não vejo outra alternativa", lamentou
"Eles estão muito bem de saúde", comemora Ranielly Freitas, 17 anos, referindo-se aos seus irmãos gêmeos Rhenzo e Enzo. Os bebês receberam alta hospitalar no dia 28 de maio, após nascerem prematuros. Ela, que morava com os avós em Santo André, Paraíba, mudou-se temporariamente para o Rio de Janeiro para ajudar o padrasto a cuidar dos pequenos, após a mãe, Maria do Socorro Brito de Araújo, morrer aos 36 anos de covid-19, no dia 21 de maio — sem ao menos pegar seus bebês no colo. "Como eu testei positivo para a covid, não conseguimos cuidar deles nos primeiros dias. Então, eles tiveram que ficar na casa de parentes. No entanto, na semana passada, trouxemos eles para casa. Desde então, estou conseguindo dar conta. A maior parte do meu tempo é para eles", disse a jovem.
Ela disse que, emocionalmente, a família está "tentando criar forças". "Foi muito difícil passar por toda essa situação. Depois que minha mãe morreu, eu tive covid e meus avós maternos também. Foi muito difícil", lamenta. Maria do Socorro tinha cinco filhos e trabalhava fazendo limpeza em um condomínio. Ela contraiu covid-19, foi internada e, assim como milhares de brasileiros, não teve a chance de se despedir da família.
Sobre a mãe, Ranielly conta que ela era "jovem, bonita, saudável e não tinha nenhum problema de saúde". "Era uma pessoa amada e querida por todos. Estava muito ansiosa, muito feliz e só falava dos gêmeos. Ela sempre quis ter filhos gêmeos, e deixou o quartinho todo preparado para as crianças", conta. A jovem disse que os sintomas da mãe começaram no dia 3 de maio. "No dia 5, quando cheguei, ela teve que ir para a maternidade, pois estava com muita dor e febre. Depois disso, não consegui mais vê-la. Lá, testou positivo e já ficou internada. Cheguei a conversar com ela por mensagem de texto e ela disse que estava bem e havia feito exames", lembra.
Douglas Nicodemos da Silva, marido de Socorro, conta que ela adoeceu poucos dias antes da cesárea, que já estava marcada. "Quando faltavam apenas oito dias, ela começou a sentir febre. Levei ela para a maternidade e começou a agonia. Meus filhos nasceram, veio aquela alegria, logo depois, ela foi para a enfermeira e estava confiante que viria para casa, e eu também. De repente, voltou para a UTI e começou de novo o desespero, sem ter noticias, só uma vez por dia. Isso era muito angustiante. Ela apresentava melhoras e pioras; oramos muito, mas, de repente, foi entubada. O sofrimento amentou, mas nós sempre com esperança", disse ele à CRESCER. "Mesmo esperançosa, ela ficou muito triste porque não pode pegar os bebês no colo. Só pode vê-los de longe", lembra Ranielly.